Hino à Beleza (tradução)
Virás do céu profundo ou surges
do abismo,
Beleza?
O teu olhar, infernal e divino,
Gera
confusamente o crime e o heroísmo,
E podemos, por isso, comparar-te ao
vinho.
Conténs no teu olhar o poente e a aurora;
Expandes os teus
odores qual noite de trovoada;
Teus beijos são um filtro e uma ânfora, a
boca
Tornando o herói covarde e a criança arrojada.
Vens da treva mais
negra ou descerás dos astros?
Encantado, o Destino é um cão que te
segue;
Semeias ao acaso alegrias, desastres,
E por dominares tudo é que
nada te interessa.
Caminhas sobre os mortos, que são o teu gozo;
Das
tuas jóias, o Horror é das que mais fascina,
E entre tais enfeites, o próprio
Assassínio,
Vai dançando feliz no teu ventre orgulhoso.
O inseto,
deslumbrado, procura-te a chama,
Arde crepita e diz: Benzamos esta Luz!
O
apaixonado trêmulo, aos pés da sua dama,
Parece um moribundo a afagar o
sepulcro.
Mas que venhas do céu ou do inferno, que importa,
Beleza!
Monstro ingênuo, assustador, excessivo!
Se o teu olhar, teus pés, teu riso,
abrem a porta
De um Infinito que amo e nunca conheci?
De Satanás ou de
Deus, que importa? Anjo ou Sereia,
Se tu tornas – ó fada de olhos de
veludo,
Ritmo, perfume, luz, ó rainha perfeita! –
Mais leve cada instante
e menos feio o mundo?
Tradução: Fernando Pinto do Amaral
"Não tiro minha lucidez das estrelas, e sem dúvida acredito-me conhecedora da Astrologia, mas não para dizer a boa ou a má sorte, de pragas, de morte, ou qualidades das estações; mas de teus olhos eu tiro meu conhecimento e nas estrelas fixas eu leio tal Arte; que Verdade e Beleza florescerão juntas se te converteres no Guardiã de ti mesma. Do contrário, de ti eu prognostico isso: que teu fim será o término da Verdade de da Beleza". Shakespeare
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