segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Gabi vai ver de perto as comemorações de Berlin.









O ano de 2009 marca os 20 anos da queda do muro de Berlin
e a Alemanha prepara várias festividades para comemorar.

A capital da Alemanha programou uma série de eventos para comemorar os 20 anos da queda do muro de Berlin, que se completam no dia 9 de novembro.

Ao longo do ano, o circuito cultural e turístico da cidade vai se dedicar a recontar a história do símbolo maior da divisão alemã, que separou alemães entre orientais e ocidentais de 1961 até 1989.

Para o evento, o governo restaurou os trechos que restaram da edificação e que hoje, transformados em telas artísticas, viraram uma das maiores atrações turísticas de Berlin.

Cerca de meio milhão de visitantes peregrinam todos os anos para East Side Gallery, um trecho remanescente de 1.316 metros.


UMA CIDADE PARTIDA NA MADRUGADA


O muro de Berlin começou a ser construído sem aviso na madrugada do dia 13 de agosto de 1961, pegando a população propositalmente de surpresa.
A cidade amanheceu sitiada por barricadas e cercas de arame farpado.
Foi uma atitude radical do comando soviético, que dominava o lado oriental, para deter a migração de alemães para o lado ocidental (controlado pelos aliados - França, Inglaterra e EUA).

Entre 1949 e 1961, quase 3 milhões de alemães haviam debandado para o setor dos aliados, entre os quais muitos professores, médicos e engenheiros, uma baixa de trabalhadores qualificados que ameaçava o lado oriental.

A construção da muralha em 1961 durou poucos meses e, nos anos seguintes, ela seria constantemente reforçada, passando por três grandes reformas em 1962, 1965 e 1975.

A região metropolitana de Berlin era cortada por mais de 43 quilômetros do muro.

O seu longo percurso pela cidade, interrompia oito linhas de trens urbanos, quatro de metrô e 193 ruas e avenidas.

Em extensão, atravessava 24 quilômetros de rios e 30 quilômetros de bosques. Ao todo, chegou a ter 155 quilômetros.


UM CERCO MORTAL


Ao longo de sua extensão, o muro tinha 66,5 Km. de grades metálicas, 302 torres de observação, 127 redes metálicas eletrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda.
Oficialmente, provocou a morte a 270 pessoas identificadas, centenas ficaram feridas e milhares presas nas diversas tentativas de atravessá-lo.

Mas há outras fontes que afirmam serem 940 mortos.


MEDIDA EXTREMA

O isolamento físico do muro de 4 metros de altura foi o coroamento de outras medidas tomadas pelos soviéticos para sitiar a parte de Berlin dominada pelos aliados.

O bloqueio começou em 1948, quando bloquearam o setor ocidental da cidade por terra: primeiro, foram instaladas barricadas em 200 ruas que ligavam os dois lados da cidade e criados postos de controle policial.
Depois, o tráfego de ônibus e bondes foi suspenso.
Em seguida, cortaram ligações telefônicas e todo o suprimento de eletricidade.
A única ligação possível era a via aérea.
Foi ela que os aliados usaram para abastecer e manter os alemães ocidentais isolados.
Conta-se que:
"Foi uma operação fantástica: durante 322 dias foram realizados 277.728 vôos que transportaram 1 milhão e 600 mil toneladas de alimentos.
A cada 24 horas, subiam ou aterravam 1344 aviões, na média de 1 a cada minuto."



Nove de novembro de 1989.

Uma multidão eufórica põe abaixo o Muro de Berlin.
Insatisfeitos com as restrições impostas pelo governo comunista, dezenas de milhares de berlinenses orientais invadem a mais bem protegida fronteira do planeta e são calorosamente acolhidos pelos vizinhos da Berlim Ocidental, acelerando o processo de reunificação da Alemanha, o colapso dos regimes do Leste Europeu e os próprios rumos da Nova Ordem Mundial.


Passados 20 anos deste fato histórico, o país confirma sua incansável capacidade de reerguimento apresentando para o mundo uma capital pulsante, repleta de edifícios modernos, apelos visuais e vida cultural em constante ebulição.

Os números confirmam a diversidade: com quase 3,5 milhões de habitantes, Berlim é a segunda cidade mais populosa da União Européia e morada de pessoas de 18 nacionalidades.

Dos 155 quilômetros de muro, restaram apenas alguns vestígios que hoje servem de tela para grafiteiros lembrarem os tempos de divisão e incitarem reflexões por meio da arte.
Para celebrar a data, uma farta programação de eventos e passeios guiados tem agitado a metrópole desde o início do ano.

Mas o clímax das festividades ainda está por vir.

Entre os dias 13 e 25 de outubro, uma iluminação espetacular tomará conta de diversas ruas, praças e monumentos, como o Portão de Brandemburgo, construído para comemorar as vitórias prussianas nas guerras e que hoje abriga uma Sala do Silêncio para que os visitantes reflitam sobre a Paz.

Também é no Pórtico que, no dia 9 de novembro, uma fileira de dominós gigantes marcará a fronteira entre os dois antigos lados da cidade.


Ao cair a última peça, fogos de artifício darão início a um grande espetáculo ao ar livre.


A cada duas semanas a exposição itinerante Cenas Marcantes
20 Anos de Mudanças em Berlin mudará de sede para que pessoas em vários pontos da cidade possam contemplar as lembranças da fase separatista.

Enquanto isso, os turistas conferem as transformações que a própria demolição do muro impeliu a algumas localidades.

A começar pela Potsdamer Platz, centro quase abandonado na época da divisão e que hoje deslumbra os visitantes com a modernidade dos prédios no bairro da Embaixada e o brilhante Monumento ao Holocausto, feito pelo arquiteto nova-iorquino Peter Eisenman.

Já o bairro de
Nikolai remete o turista para os tempos da Antiga Berlin, assim como a Nova Sinagoga, erguida há quase 150 anos, e as Catedrais da Alexanderplatz e do Gendarmenmarkt.

É na Alexanderplatz, aliás, que fica um dos grandes orgulhos da extinta RDA (República Democrática Alemã): a futurista torre de TV, com 368 metros de altura, restaurante giratório no topo e uma das melhores vistas de toda Berlim.



BAUHAUS

Além da queda do Muro de Berlim, a Alemanha celebra neste ano o 90º Aniversário do Staatliches Bauhaus em Weimer, considerado uma das mais importantes Escolas Superiores de Artes e Design do Século 20.

Foi lá que se deu o início da carreira de Oskar Schlemmer, Lyonel Feininger, Paul Klee, Johannes Itten, wassily Kandinsky e Läszlo Moholy Nagy, entre outros.

Para festejar a data, várias exposições e eventos estão sendo realizados em toda a Alemanha.

Na capital, Berlin, a mostra Modell Bauhaus, no Martin-Gropius-Bau, prossegue até 4 de outubro com obras de grandes ícones do design no começo no século 20.

Em Dessau, por sua vez, o foco será a época do Bauhaus na Cidade, entre 1925 e 1932. A exposição contará com trabalhos de professores e alunos de todas as áreas de estudo e de artes aplicadas, entre as quais a marcenaria, a oficina de trabalhos em metal e o departamento de construção civil.

A Staatliches-Bauhaus, Casa Estatal de Construção,
Conhecida por Bauhaus, foi uma escola de Design, Artes Plásticas e Arquitetura de vanguarda que funcionou entre 1919 e 1933 na Alemanha.

A Bauhaus foi uma das maiores e mais importantes expressões do que é chamado Modernismo no Design e na Arquitetura, sendo uma das primeiras Escolas de Design do mundo.
A escola foi fundada por Walter Gropius em 25 de abril de 1919, a partir da união da Escola do Grão-Duque para Artes Plásticas com a Kunstgewerberschule.

A maior parte dos trabalhos feitos pelos alunos nas aulas-oficina foi vendida durante a Segunda Guerra Mundial.

A intenção primária era fazer da Bauhaus uma Escola combinada de Arquitetura, Artesanato, e uma Academia de Artes, e isso acabou sendo a base de muitos conflitos internos e externos que se passaram ali.

Gropius pressentiu que começava um novo período da história com o fim da Primeira Guerra Mundial e decidiu que a partir daí dever-se-ia criar um Novo Estilo Arquitetônico que refletisse essa Nova Época.

O seu estilo tanto na arquitetura quanto na criação de bens de consumo primava pela funcionalidade, custo reduzido e orientação para a produção em massa, sem jamais limitar-se apenas a esses objetivos.


O próprio Gropius afirma que antes de um exercício puro do racionalismo funcional, a Bauhaus deveria procurar definir os limites deste enfoque, e através da separação daquilo que é meramente arbitrário do que é essencial e típico, permitir ao espírito criativo construir o novo em cima da base tecnológica já adquirida pela humanidade.

Por essas razões Gropius queria unir novamente os campos da Arte e Artesanato, criando produtos altamente funcionais e com atributos artísticos.

Ele foi o diretor da escola de 1919 a 1928, sendo sucedido por Hannes Meyer e Ludwig Mies Van der Rohe.

A Bauhaus foi grandemente subsidiada pela República de Weimar.

Após uma mudança nos quadros do governo, em 1925 a Escola mudou-se para Dessau, cujo governo municipal naquele momento era de esquerda. Uma nova mudança ocorreu em 1932, para Berlin, devido à perseguição do recém-implantado Governo Nazista.

Em 1933, após uma série de perseguições por parte do governo hitleriano, a Bauhaus é fechada, também por ordem do governo.

Os nazistas que se opuseram à Bauhaus durante a década de 1920, bem como a qualquer outro grupo que tivesse uma orientação política de esquerda. A escola foi considerada uma frente comunista, especialmente porque muitos artistas russos trabalhavam ou estudavam ali.

Escritores nazistas como Wilhelm Frick e Alfred Rosenberg clamavam que a escola era "anti-Germânica," e desaprovavam o seu estilo modernista.

Contudo, a Bauhaus teve impacto fundamental no desenvolvimento das Artes e da Arquitetura do Ocidente Europeu, e também dos Estados Unidos da América e Israel nas décadas seguintes - para onde se encaminharam muitos artistas exilados pelo regime nazista.

A Cidade Branca de Tel Aviv, em Israel, contém um dos maiores espólios de Arquitectura Bauhaus de todo o Mundo, e foi classificada como Patrimonio Mundial em 2003.
O principal campo de estudos da Bauhaus era a Arquitetura, como estava implícito em seu próprio nome, e procurou estabelecer planos para a construção de casas populares com baixo custo, por parte da República de Weimar.

Mas também havia espaço para outras expressões artísticas: a escola publicava uma Revista chamada Bauhaus e uma série de livros chamados Bauhausbücher.

O diretor de publicações e design era Herbert Bayer.

Atualmente a Bauhaus de Weimar mantém a sua liderança como uma das melhores Universidades na Alemanha, lecionando sobretudo no setor da Arquitetura, mas estando também integrada num núcleo de outros pólos de ensino ligado às Artes e de onde se destaca design, mídia, música, entre outros.

O ensino da Bauhaus está intrínseco na sua própria forma de lecionar atualmente, baseando-se muito na experimentação prática das idéias e na realização de seminários e workshops para troca de conhecimentos.

O edifício inicial projetado por Walter Gropius sofrera inúmeras modificações após a Segunda Guerra.

Em 1994 iniciou-se um processo de reforma visando restabelecer ao edifício sua condição original. O empreendimento foi promovido pela Fundação Bauhaus e coordenado pela arquiteta Monika Markgraf.

Devido a inexistência do projeto original o trabalho foi árduo e concluído somente em 2007.

Ainda hoje é o edifício principal do pólo da universidade, destacando-se o escritório de Walter Gropius, mantido inalterado.










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