quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Oskar Schlemmer

Oskar Schlemmer

Pintor. começou a dar aulas na Bauhaus em 1920 como diretor da oficina de escultura, envolvendo-se também com a oficina de metal temporariamente; depois, assumiu a direção de arte teatral.

«O homem», 1928

OS


Schlemmer apresenta o programa da disciplina «O homem», ministrada por ele na Bauhaus:

«Matéria de ensino: o homem. Obrigatório para o terceiro semestre. Duas horas por semana.»

"A finalidade consiste em familiarizar o aprendiz com o homem todo, fazendo-o a partir de dois tipos distintos de consideração: o aparecimento visível e sua apresentação. Portanto o perfil linear e o desenho plástico do corpo, na forma reduzida à expressão linear mais simples possível.

Em seguida as medidas e as proporções (ensino das proporções de Dührer, Leonardo, seção áurea), depois a apresentação da mecânica e da cinética, suas leis de movimentação, possibilidades e limites em si, ao ar livre (natureza) em espaço limitado (arte), diagramas de movimento, coreografia.

O ensino teórico é complementado pelo prático: desenho do nu (duas horas por semana). Na falta de bons modelos para o nu e para buscar uma polivalência da figura, os próprios estudantes servem de modelo. Para fugir à monotonia da sala de aulas, o palco da Bauhaus é transformado em cenário que possibilita vários tipos de iluminação (refletores sombras, etc.).

Durante o intervalo será feitas análises das posições escolhidas para o desenho do nu, servindo-se os alunos do quadro negro.

Paralelamente à consideração mecânica do corpo humano, corre a consideração biológica começando pela história do germe e do crescimento, com toda a parte química e psíquica do organismo.

A medida do ser humano, relacionada com a medida do meio ambiente, servia de introdução à instalação do modus vivendi.” (Oskar Schlemmer, diário 03.11.1928)

Szene auf der Treppe
Szene auf der Treppe

A receita pela qual se norteia o teatro da bauhaus, é muito simples: que a gente seja tão descomprometido quanto possível;

que a gente se aproxime das coisas como se o mundo tivesse acabado de ser criado;

que a gente não reflita determinada coisa até a destruição e sim que a gente conserve, livre, permitindo seu desdobramento.

Que a gente seja simples, mas não pobre (“a simplicidade é uma grande palavra”),

que a gente prefira ser primitivo a ser vaidoso, complicado e inchado;

que a gente não seja sentimental, mas que a gente em vez de sê-lo, tenha espírito.

Com isto está dito tudo como não está dito nada!

Mais: que a gente parta do elementar. E o que quer dizer isto?

Que a gente parta do plano, da linha, da superfície simples, e que a gente parta da simples composição de superfícies: a partir do corpo.

Que a gente parta das cores simples como são: branco, cinza, vermelho, azul, amarelo e preto.

Que a gente parta do material, descubra as diferenças de tecido dos materiais como vidro, metal, madeira, e assim por diante, assimilando-o interiormente.

Que a gente parta do espaço, da sua lei e do seu segredo, deixando-se “enfeitiçar” por ele. Com isto, novamente, está dito muito e não é dito nada, até o momento em que estes conceitos tenham sido sentidos e preenchidos.

Que a gente parta da situação do corpo, do ser, do estar em pé, do caminhar e somente no fim do saltar e do dançar. Porque o dar um passo representa um importante acontecimento: e nada menos do que isto, levantar uma mão, mexer um dedo.

Que a gente tenha tanto respeito quanto consideração diante de cada ação do corpo humano, de vez que no palco se manifesta este mundo especial da vida, do aparecer, esta segunda realidade, na qual tudo está circundado pelo brilho do mágico”.

(Oskar Schlemmer, diário, maio de 1929)

O teatro que deve ser a imagem do nosso tempo e talvez a forma de arte mas peculiarmente condicionada por ele, não pode ignorar os sígnos [abstração, mecanização e “as novas potencialidades da tecnologia e invenção que podemos usar juntas para criar novas hipóteses e que assim podem engendrar, ou ao menos prometer, ousadas fantasias”]”

O Ballet Triádico

“Porquê o ballet triádico? Porque o três é um número eminentemente dominante, no qual o eu unitário e o seu oposto dualista são superados, começando então o coletivo. Depois dele vem o cinco, depois o sete, e assim por diante.

O balé deve ser entendido como uma dança da tríade, a troca do um, com o dois, com o três. Uma bailarina e dois bailarinos: doze danças e dezoito trajes.

Mais além, a tríade é: forma, cor, espaço; as três dimensões do espaço: altura, profundidade e largura.

As formas fundamentais: esfera, cubo e pirâmide; as cores fundamentais: vermelho, azul e amarelo. A tríade de dança, traje e música.”

(diário, 5 de julho de 1926)

Triadisches Ballet
s
s


«O ballet triádico consiste em três partes que formam a estrutura das cenas de dança estilizadas, que se deesnvolvem desde o divertido até o sério.
O primeiro é um paródia alegre com cortina amarelo-limão.
O segundo, cerimonioso e solene, é num palco cor-de-rosa.
E o terceiro é uma fantasia mística num palco preto.

As doze danças diferentes em 18 diferentes figurinos são dançadas alternadamente por três pessoas, dois homens e uma mulher.

Os figurinos são em partes de roupas acolchoadas e em partes de formas rígidas de papel maché, cobertos com pinturas metálicas ou coloridas.»

espaço/forma/cor/luz

A arte do palco é uma arte espacial, o que se tornará cada vez mais claro no futuro.

O palco, incluindo a platéia, está além de qualquer organismo arquitetônico espacial onde as coisas acontecem para ele e estão condicionadas entre si por uma relação espacial.

Um aspecto do espaço é a FORMA abrangendo duas formas superficiais (isto é, bidimensional) e a forma plástica (tridimensional).

LUZ e COR são aspectos da forma, para os quais damos nova importância.

Primeiramente, nossa existência é visualmente orientada e assim podemos ser agradados pela pureza ótica, podemos manipular formas e descobrir misteriosos e surpreendentes efeitos na animação mecânica a partir de fontes ocultas; podemos transformar e transfigurar o espaço através da forma, da cor e da luz.

Podemos dizer, assim, que o conceito Schau-Spiel poderá se tornar realidade se todos estes elementos, compreendidos como totalidade, sejam inseridos conjuntamente.

Nós devemos assim ter uma verdadeira “festa para os olhos”, a metáfora se torna realidade. Se, indo além, nós pulverizarmos o espaço constrito do palco e o traduzirmos nos seus próprios termos de construção total, o interior assim como o exterior – um pensamento que é particularmente fascinante na visão do prédio da nova Bauhaus – assim a idéia do espaço do palco será demonstrado num caminho que provavelmente não tem precedente”

«o seguinte pode ser considerado decisivo fundamentalmente na transformação do corpo humano em termos de cenografia:

  • a lei do espaço cúbico circundante
  • as leis funcionais do corpo humano e sua relação com o espaço
  • as leis da movimentação do corpo humano no espaço
  • as formas metafísicas de expressão.»

tipos e medidas-padrão

Huber, Max. Oskar Schlemmer Un Maestro del Bauhaus.1987

“Para nós estes problemas e as suas soluções estão em fundamentos, em questões elementares, em descobrir literal e primeiramente o significado do palco.

Nós podemos nos ocupar com o que torna as coisas típicas, com tipo, com número, e medida, com lei básica.

Eu poucas vezes preciso dizer que estas preocupações foram ativadas, não necessariamente dominantes, durante todo o período da Grande Arte; mas eles somente podem ser ativados quando pré-condicionados pelo estado de hiper-sensibilidade de alerta e tensão, isto é, quando funcionando como os reguladores de um sentimento real de envolvimento com mundo e com a vida”.


3




Romisches, 1925 Art Print75

#4


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores