quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Rachel Brice: Dança do ventre tribal, fusões e imaginário feminino


Rachel Brice por Red Carpe Diem.


Nascida em São Francisco, Califórnia, no início dos anos 70, Rachel Brice é hoje talvez a mais conhecida dançarina de dança do ventre em todo o mundo.

Mas sua formação principal vem da Yoga, prática que estudou e lecionou enquanto, paralelamente, trabalhava como quiropata.

Sua aproximação com a dança oriental se deu em 1998 quando assistiu a um grupo que se apresentou na Califórnia.
A partir daí, começou a aprender alguns passos por conta própria assistindo vídeos da mítica bailarina Suhaila Salimpour.

Filmava-se para saber dos andamentos da experiência.
Chegou ainda a ingressar num programa universitário de Dança Étnica e, em seguida, foi tomar aulas.
Mas o acaso a levou a prosseguir com a carreira terapêutica, o que a afastou de seu incipiente talento por quatro anos.

Brice foi descoberta em 2003 pelo polêmico empresário Miles Copeland, constantemente acusado de ter transformado sua companhia de dança do ventre num negócio dos mais lucrativos, todo moldado como uma Las Vegas itinerante que conta até mesmo com seu próprio DVD de reality show.

Ela passaria a integrar a mega companhia Belly Dance Superstars de Copeland e, no mesmo ano, monta sua própria companhia, a Indigo Belly Dance Company - que teve seu primeiro show de longa duração, a tournée Le Serpent Rouge, produzido em 2007, sob a batuta do mesmo empresário.


A profusão de adornos que fazem o lóbulo de sua orelha despencar sob o peso de duas imensas argolas já mostram que Rachel Brice em pouco se encaixa no estereótipo da dançarina de saias esvoaçantes e jóias douradas; também quase nunca sorri.

Essa espécie de desconstrução é uma marca no estilo da dança tribal, talvez um trânsito para fora dos clichês que consagraram no Ocidente a dança egípcia da qual os árabes se apropriaram ao longo de séculos.

As vestes de Rachel e suas parceiras de estilos compõem-se de inúmeras moedas de cor fosca, tecidos amarrados, cabelos dreadlock, flores nos cabelos, ossos trançados com couro... objetos aparentemente improváveis se complementam harmônicos.

A tentativa de representação se aproxima da música, é um ajuntamento de elementos que remetem a um passado nômade primitivo onde os enfeites são adaptações de coisas encontradas na natureza e/ou retiradas do contato com outras comunidades mais "avançadas"; é assim no caso das moedas e dos espelhinhos, por exemplo.

Enquanto isso, no som, as percussões árabes se tornam elétricas e se fundem com a noise music.

Através de seus precisos movimentos de serpente, Rachel Brice faz emergir uma atmosfera misteriosa onde a mulher está representada hermética, mergulhada em segredos próprios que certamente dizem respeito a um poder dominador e ele é revelado aos poucos numa sedução de força, ritmo e elasticidade.

São segredos que a vida cotidiana quase faz esquecer, mas que estão lá resguardados na memória das mulheres de todas as culturas.

rachel brice

269961vwaq0m0lxv

f4ce8270-dc4b-44b4-a2c3-4db2018d1764

995564679_l

rach-main-stage-close

Rachel_Brice_20060922bj

rachel-brice-looking-down

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivo do blog

Seguidores